Setor do Mel

A apicultura nos Açores remonta ao início do sec. XVI segundo Carta a El-Rei por Gaspar do Rego Baldaya, em 1554, fazendo vários pedidos e queixas do Dr. Manoel Alvares ( ARCHIVO DOS AÇORES, 1878).Há referências de se ir buscar mel fresco às «tocas e buracos das árvores e sanguinhos onde as abelhas criavam muito - tanta fartura havia de tudo nesta ilha, sem industria nem trabalho dos seus moradores» (Gaspar Fructuoso, «Saudades da Terra», Liv. IV, vol.II, pag 53). O italiano Pompeeo Arditi, arquiteto e engenheiro militar italiano deslocou-se em 1517, na qualidade de especialista em "cousas da fortificação", às ilhas dos Açores tendo permanecido 2 semanas na ilha Terceira e afirma «é excelente o mel de abelhas, não me parecendo que possa haver melhor, nem sequer igual»; 

Em História Insulana ( CORDEIRO, 1717 ) “Na Terceira, produzia-se … tanto mel de abelhas, que diz Fructuoso haver homem no Porto, ou Posto Santo, que tem quinhentas colmeas, & o melhor pasto dellas…” “…muitas colmeias e cera nas freguesias de Agualva e Posto Santo e também bom pasto para as abelhas como o alecrim, rosmaninho, poejo, queiró, tomilho e muitas outas flores…”

No séc. XIX vive-se uma crise na apicultura e há um decréscimo muito acentuado nas produções: Em 1822 Thomáz Jozé da Silva, inspector de Agricultura dos Açores oferece a um deputado - Inácio Pamplona - das cortes gerais um documento onde consta: «abelhas há mui poucas e são meramente objecto de curiosidade»

Por volta de 1950 verifica-se algum empenho e evolução do setor nomeadamente no que concerne à criação, introdução e substituição de rainhas. Já se exploravam abelhas de raças muito produtoras importando rainhas já fecundadas. No entanto ainda predominavam os cortiços representando rotina neste ramo da agricultura;

As Séries Estatísticas de 1980 a 1993 do Serviço de Estatística dos Açores não referenciam qualquer produto direto da colmeia. Apenas o INE, em 1990 apresenta uma distribuição de colmeias e cortiços por região onde os Açores representam 0,9%, o que é miseravelmente pouco.

De 1990 a 2000 a apicultura funcionou sempre como o parente pobre da agricultura. Contudo a partir de 2001 talvez por questões políticas ou por uma maior consciência ambiental as entidades governamentais fizeram algum esforço no sentido de fazer crescer o setor e talvez dar-lhe a sua verdadeira importância.

Atualmente a apicultura e os produtos provenientes da mesma têm tido algum impacto nas economias locais nomeadamente o mel que já é considerado um ativo alimentar de grande expressão nos mercados mundiais.